terça-feira, 2 de agosto de 2011

Escondendo-se entre as pedras...

Que sempre cá as houve já todos sabíamos, pois de vez em quando lá se encontrava uma ou outra; agora como este ano, nunca tinha visto tantas.
Consta que a QUERCUS, vem ocasionalmente libertá-las nos “plomers” para que se reproduzam e não falte alimento às muitas aves de rapina que também aqui se reproduzem. É uma cadeia alimentar secular: morrem uns, para viver outros.
Consta também que ao ser humano nunca fizeram mal; que de nós fogem e só querem a sua privacidade.
“Elas têm medo das pessoas, e as pessoas têm medo delas” – afirma meu pai, em conversa, garantindo que cá, nunca ninguém foi mordido por uma.
“São bem piores os escorpiões”, diz ele.
E como nota o meu arregalar de olhos, acrescenta: “ah, tu não sabias que há cá escorpiões?” Escondem-se debaixo das pedras…”
E por momentos fico com o pavoroso pensamento de que sempre me sentei descansada em muitas pedras, por esses caminhos fora. Mas logo minha mente sossega, pois não se recorda de relatos de picadelas de escorpiões; talvez estes, também só desejem que os deixem em paz e só ataquem quando ameaçados. É nisto que quero acreditar, pois mal aos animais, eu não faço, e não vou mudar meu comportamento em relação à vida campestre…
Com estes pensamentos vem-me à lembrança as botas fortes e grosseiras que sempre meu avô usou, e os mais idosos continuam a usar. São uma boa protecção contra os perigos do campo.
Mas dizia eu que, a reprodução dos animais libertados pela QUERCUS deve estar a ser um sucesso, pois nunca tinha visto cá tantas…
Olhando bem perto, até são bonitas. Com a sua pele escamosa de diferentes tonalidades e o seu corpo ondulante. Mas, não sei porquê, continuam a inspirar-me receio. Talvez se deva ao instinto natural do ser humano; afinal, por causa delas, é que tudo mudou no Paraíso…
Deixo-vos com algumas das filmagens que fiz, e dos encontros imediatos que com elas tive…

Nota: é de salientar que a cobra, que muito corajosamente o Luís apanhou, voltou a ser solta no local encontrado…

4 comentários:

João Celorico disse...

Olá, Cristina!
Com que então, andou a dar umas voltas por Salvaterra!
Gosto de ler as suas "aventuras" mas, depois, cá estou eu a meter a minha "colherada", lol...
Confesso que fiquei assustado com essa ideia de "semear" cobras ali na minha terra. Que ideia tão esquisita mas, com a explicação, percebe-se. O ecosistema, que foi sendo estragado pelo homem, necessita da mão do mesmo para ressurgir. Pelo menos no essencial!
Pois bem, faço uma pequena correcção, que nem quase o é. Quando escreve "plomers", baseia-se naquilo que vai ouvindo. É a tradição oral. O mais correcto, talvez deva ser "plomes" ou "pelomes" que será uma deturpação de "pelames". "Pelames", deriva do tratamento de peles e deve ter conhecimento que aí mesmo, no sítio denominado "Plomes", digo eu, na margem do Erges, existe uma grande pedra com uma concavidade que seria onde, em tempos remotos, se tratavam as peles. Penso não andar longe da verdade!
Outro assunto são os "bitchos alacrários", lacraus ou escorpiões. Então, não sabia da existência de tais criaturas?
Bem se vê que não lê o meu blogue, lol... Veja, posts de 14 e 17 de Julho. Nunca ouviu falar das ferroadas dos ditos porque agora já ninguém vai à ceifa, nem dorme nas "choças"...
Cobras, mas não dessas "engraçadas" que andam na água, havia-as e não eram poucas, nos caminhos e estórias delas ouvi muitas. Até daquelas que iam ao cheiro do leite das mães e se metiam na cama dos bebés. Bem, vou acabar com isto porque também eu não gosto muito deste assunto. O povo vivia com isto e com coisas muito piores. Era a vida!

Abraço e felicidades,

João Celorico

Cristina disse...

Olá amigo João,
Pois é, passei uns dias em Salvaterra. Só não dei mais voltas, porque o calor era tanto, que não deu para andar por lá a vaguear… Só apetecia rio, piscina ou mangueira. Para passear não há como a Primavera ou o Outono.
Oh amigo João, no seu artigo do contrabando, a sua memória remonta a 1954. Eu sabia que no tempo de meus avós muito se falava de lacraus, mas com o passar do tempo minha mãe sempre me convenceu que já não os havia. Que tinham acabado os lacraus, as raposas, as cobras, etc… Hoje vejo que a intenção dela era para eu não deixar de andar à vontade por Salvaterra. E olhe, fez ela muito bem convencer-me disto, lol, que nunca mais pensei no assunto, até à tal conversa recente com meu pai.
Eu em criança era uma desgraça: tinha medo de muita bicharada. Acredita que até dos peixes do rio? Lol. Desses só muito tarde é que me convenci do que me diziam: “oh filha, não tenhas medo, que eles só nos tocam, não mordem…”
Há 2 ou 3 anos tive a dolorosa experiência de ter sido picada num dedo por uma centopeia. Também já havia sido picada por abelhas… Espero que fiquem por aqui as dolorosas experiências com os animais do campo.
Quanto aos “plomers”, ou melhor "plomes", palavra tantas vezes usada para denominar aquelas enormes pedras, acredite que antes de publicar o artigo ainda fui pesquisar como se escreveria, pois já sabia que o amigo João, sempre atento, me iria corrigir. Escrevi como encontrei e como me parecia estar bem. Por isso, pode meter à vontade a sua “colherada” que eu tenho muito a aprender sobre Salvaterra…
“Na margem do Erges, existe uma grande pedra com uma concavidade que seria onde, em tempos remotos, se tratavam as peles…”? Pois também desconhecia este facto. Como estou sempre a dizer a meu pai: a mim ninguém me conta nada… Valham-me certos blogs…
Um abraço.

Anónimo disse...

Oi amiga,então não conheces os ditos lacraus ou escorpiões?? pois olha, levei uma vez, uma ferroada de um que não foi pera doce!!! doi e muito.Quanto ás cobras que o João Celorico fala não eram realmente como essas do rio,e as histórias de irem ao leite das mães que estavam a amamentar,e aos berços dos bébés, também a mim mas contavam e afirmavam que eram bem verdadeiras.
Agora quanto á tal pedra acho que o João te colocou um desafio,para ires á busca dela!!! será???.
Beijinhos e vão lá contando as vossas histórias e peripécias,para eu ler e aprender.
Ana

Cristina disse...

Olá Ana,
A tal pedra de que o nosso amigo João falou, ainda não a pude ir pesquisar ao “terreno”; por isso mesmo, vasculhei as muitas fotos que tenho de Salvaterra, a ver se, por acaso, encontrava a tão famosa pedra, onde se tratariam as peles.
Nada! Vou ter de perguntar a alguém bem conhecedor dos Plomes, da próxima vez que for a Salvaterra.
Não encontrei aquela, mas encontrei outra, que na altura (Primavera de 2011), me deixou curiosa, e fez minha imaginação vaguear…
Ora vá lá espreitá-la, agora que coloquei uma foto dela…
Beijinhos.