domingo, 21 de agosto de 2011

Olhos enigmáticos...


Já que em plomes e cantchais falamos
Um desafio vos venho deixar,
Este cabeço arredondado
Tem um segredo milenar.

Olhando as pedras nos plomes,
Numa não deixei de reparar,
Destaca-se de todas as outras
Por uma cara personificar.

Ora digam lá meus amigos
Se conseguirem decifrar,
O enigma destes olhos
Que parecem vaguear.

Beijado pelo vento
Que aqui passa a correr,
Se ao Mundo falasse.
Muito teria que dizer.

Sabe-se lá que segredos esconde
E tudo aquilo que já viu,
São tantas as histórias que guarda
Mas nunca o sigilo traiu.

Nos plomes deitado
Sem ter boca nem nariz,
Apenas os olhos nos fitam
Mas não parece infeliz.

E como poderia sê-lo
Num local tão bonito?
Olhando o castelo em cima,
E à noite o infinito.

Coberto de musgo
Pelo menos no tempo frio,
Assim bem agasalhado
Sem sentir um arrepio.

Granito pelo tempo moldado
Em reserva geológica protegido,
Por todos é admirado
E pl’a chuva vai sendo polido.

De Inverno por vezes se esconde,
Quando é grande a enchente.
Ao menos brinca com os peixes
E ouve os segredos da corrente.

Talvez tenha sido um gigante
Por uma maldição adormecido
Que ali ficou empedrado,
Eternamente esquecido.

Talvez por um tesouro olhe
Deixado por mouro ou templário
Quem sabe um dia faça
Um feliz milionário.

Talvez seja um extra-terrestre
Que por acaso nos visitou,
Olhando tanta beleza,
Não resistiu, e ficou.

Corpo de pedra,
Coração sofrido.
Mente sonhadora,
P’las nuvens entretido.

- Onde vai senhora nuvem
Com tanta pressa a correr?
- Que inveja sua eu tenho,
Por não poder o Mundo ver.

E nele repousa um sapo,
À espera de ser beijado,
Também queria mudar de vida
Tal como o amigo aprisionado.

É grande a curiosidade
De quem esta foto tirou
Que olhos serão estes,
Que o tempo não fechou?

Se ao menos as pedras falassem…

2 comentários:

Anónimo disse...

Olhos enigmáticos que muitas histórias contarão. Verdade ou não eles lá estão, espreitando, controlando ou simplesmente desejando que alguém lhe deite a mão ou tire mais uma foto para mais tarde recordar.
Agradeço e retribuo visita ao meu cantinho.

Tudo de bom.

Artes e escritas disse...

Um lindo poema refletindo sobre o que os dias não dizem, as pedras calam. Um abraço, Yayá.