segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Parabéns Susana...

Há pessoas que conhecemos e nada nos “dizem”. Há outras que a sua aura emana tamanha simplicidade, humildade e autenticidade, que nos cativam no primeiro instante.
Foi o caso da Susana Falhas, que tive na Sexta-feira, o prazer de conhecer na FNAC, na apresentação do seu enorme sucesso.
Se há quem mereça ser homenageada, és tu Susana. Por te teres dedicado a uma causa tão nobre e tão bonita como esta de divulgares as nossas aldeias meio esquecidas pelo tempo.
Deve ter-te dado um trabalho enorme toda esta jornada, mas por outro lado, um enorme prazer, pois, tal como disseste, pudeste descobrir recantos e encantos que mesmo perto, passavas ao lado e desconhecias…
É o que acontece a muitos de nós, sem um guia a nosso lado para nos indicar o que ver e visitar, quando vamos a um lugar desconhecido. Agora com este livro tudo mudou! Temos mapas, História, indicações, conselhos, fotos; enfim, temos tudo para já não andarmos “perdidos”. Levar este livro connosco num passeio, é levarmos um guia a quem só falta falar.
E ser o quarto livro mais vendido em Almada, é apenas o começo.
Gostei muito da história que leram, do dia que partiram à procura de um tesouro. Um dia muito bem passado, e isso é o mais importante na vida: as memórias que deixamos a nossos filhos.
Gostei de saber que têm já um novo projecto do livro, para crianças. E como é importante incutir na mente daqueles que serão o nosso futuro, o gosto pelas valiosas aldeias que temos. O gosto e o poderem também eles descobrir os tesouros que temos, e que muita gente não sabe dar valor.
Gostei também da apresentação em vídeo, ao som da bonita e tradicional guitarra portuguesa.
Parabéns! Tudo correu na perfeição; vocês já parecem uns autênticos profissionais.
Enquanto assistia, muito atento, ao vídeo e às belíssimas imagens com que nos presentearam, meu filho, a certa altura perguntou:
- E Salvaterra, mãe? Porque não aparece Salvaterra? Também é uma aldeia histórica…
- Pois é, filho – respondi eu – mas por enquanto só foram classificadas como históricas estas 12 aldeias…
Salvaterra merecerá um dia destaque especial num outro livro sobre as aldeias históricas, mas ao mesmo tempo não classificadas como tal. Salvaterra e tantas outras aldeias que merecem ser divulgadas.
Um dia, não é Susana?
Um dia aparecerá um guia do que descobrir em Salvaterra, as suas festas, as tradições e a riquíssima História. Se não for a Susana, é o amigo João Celorico, que andava a pesquisar para tal…
O leitor fica sempre impaciente à espera do livro que sairá um dia, porém, esquece-se que tudo tem o seu tempo e que isto de produzir um livro é uma grande empresa.
No vosso caso, todo o trabalho que tiveram está agora a ter os seus frutos, e como deve ser compensador poder colhê-los.
O vosso primeiro projecto foi muito bem concebido, e desejo-vos toda a sorte e êxito na realização dos próximos.
Adorei conhecer-te Susana. A ti, teu marido e filhote. Tens uma família linda.
Tudo de bom para vocês, pois merecem.
Beijinhos, e espero que este realmente, tenha sido o primeiro de muitos encontros…

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

O meu castelo preferido...

Acordei já tarde, sem ti a meu lado. Já tinhas saído para o trabalho.
(...)
Pensei: "não posso ficar aqui o dia inteiro à espera que regresse. Assim, as horas parecerão nunca mais ter fim."
Decidi levantar-me. Abri o postigo da janela e espreitei. Que linda paisagem. Parecia tirada de um postal. No meio do verde da natureza e de abundantes flores lilazes, avistava-se ao longe uma das muitas muralhas desse castelo medieval. Os turistas já tiravam fotos lá de cima, e eu aqui, a esta hora, ainda em pijama. Decidi juntar-me a eles, para não ficar em casa a pensar demais.
O tempo estava instável: tão depressa vinha a chuva, como brilhava o Sol.
Saí de casa. Passei primeiro pela Praça da Igreja Matriz de Santa Maria. É curioso que esta igreja já "teve" duas religiões diferentes, pois embora a tradição faça remontar a sua fundação ao período visigótico, foi transformada em mesquita no período muçulmano e novamente sagrada por D. Afonso Henriques, logo após a conquista da vila em 1148.
Subo as escadas junto ao Telheiro e vou dar ao pelourinho, lindamente esculpido numa coluna de pedra, que apresenta as marcas de uma argola de metal onde, provavelmente, os condenados seriam expostos para humilhação pública.
Contém também as Armas Reais e as armas pessoais da rainha D. Leonor de Lencastre (mulher de D. João II), onde se observa uma rede. Estas armas de D. Leonor foram, durante muito tempo, o brasão da Vila de Óbidos e representam as redes que recolheram o corpo, já sem vida, do Príncipe D. Afonso, único filho varão herdeiro de D. João II, morto por afogamento no rio Tejo, junto à cidade de Santarém.
O pelourinho encontra-se por cima do bonito Chafariz da Praça de Santa Maria.
Ou seja: por todo o lado há monumentos, arduamente esculpidos, por mãos hábeis do passado... E que belas obras de arte nos deixaram...
Por todo o lado turistas enchem a vila, procurando visitar todos os históricos recantos e encantos da mesma. Os vários dialectos escutados, misturam-se aos nossos ouvidos; até parece que estou na Torre de Babel, com tanta diversidade linguística espalhada pelas ruas.
Caminho só nesta "tua" lindíssima vila histórica, por estas pedras de calçada já lapidadas pelo tempo. Penso para comigo: ainda bem que trouxe ténis, pois deve ser mesmo a forma mais segura de andar por aqui.
Caíram algumas gotas de chuva, de nuvens passageiras apressadas, fazendo surgir mesmo por cima dos telhados um arco-íris colorido, que no céu desenhou um meio círculo. Não resisto a gravar este encanto para sempre, e lá vai mais uma foto.
Parece que tudo aqui tem magia...
Passo agora para fora da muralha do castelo, pelas águas cantantes e cristalinas de uma alegre cascata, onde um pato alisa suas penas com o bico, nem se importando com a minha presença.
Sento-me num banco e fico ali, sozinha, a olhar o horizonte que se estende por montes e vales verdejantes. Penso em ti, e se também tu estarás a pensar em mim.
Esta paisagem faz-me ficar melancólica, melhor será fazer-me novamente ao caminho, para não ficar aqui a pensar demais e a saudade a aumentar.
Passo por outra porta, e volto a entrar novamente no interior das muralhas. Ora se está fora, ora se está dentro do castelo.
A ancestral calçada está agora mais escorregadia que nunca.
No ar ficou o cheiro agradável do verde da natureza envolvente.
Penso na sorte imensa que tens por viver numa vila como esta, onde o encanto do passado se mistura com o presente. Nesta vila envolta por um castelo, que teimo em descobrir cada recanto, cada muralha, cada ameia... Vale bem o tributo de monumento nacional e uma das sete maravilhas de Portugal...
É engraçado pensar que neste castelo lindíssimo, encontrei um dia meu príncipe encantado.
Sinto-me quase, até eu, uma princesa, vivendo um sonho do qual não quero acordar. E só espero que meu príncipe, um dia, não vire sapo...
E então ao subir todas estas escadas que levam ao cimo da muralha, imagino como seria a vida no tempo da rainha D. Leonor, que chegou a residir neste castelo. Cá em cima, quase que dá vertigens olhar lá para baixo, pois há muitos caminhos estreitos, irregulares, sem protecção e onde sopra um vento forte. Com os vestidos rodados e rendados que usavam antigamente, decerto não viriam cá para cima, vou eu pensando, à medida que caminho mesmo encostada à ameia, não vá o vento levar esta "pena" pelo ar, lol... Com certeza o cimo das muralhas apenas pertencia aos vigias, sempre atentos aos inimigos...
Se este castelo falasse, tanto que teria para contar...
Ele foi originariamente edificado pelos árabes, no local que já tinha sido ocupado por lusitanos, romanos e visigodos, e no contexto da expansão do território português e reconquista cristã da Península Ibérica.
D. Afonso Henriques tomou este castelo por volta de 1148.
No reinado de D. Sancho I, foram executadas obras neste castelo, que resistiu aos ataques e se manteve fiel ao rei D. Sancho II, durante a crise que levaria à sua deposição e subida ao trono de D. Afonso III.
Uma particularidade deste castelo é que depois de ter sido entregue pelo rei D. Dinis, como dote, à Rainha Santa Isabel, viria a fazer parte do dote das rainhas seguintes, chegando a ser residência da rainha D. Leonor, esposa de D. João II.
D. Manuel I, é responsável por importantes melhoramentos no castelo e na vila, sendo dessa época a reconstrução dos Paços do Alcaide. O terramoto de 1755 causou muitos danos ao castelo, mas ainda viria a desempenhar a sua função durante as invasões francesas, contribuindo para a derrota do exército francês.
Este foi e continua a ser até hoje um importante e glorioso castelo, que mantém suas muralhas imponentes e nos dá tantas, e tão belas fotos...
Quem entre em Óbidos, parece entrar num portal do tempo da nossa História; parece entrar num local mágico que nos reporta ao passado glorioso que tivémos...
As suas ruas são estreitas e limpas, as casas mantêm a traça tradicional, caiadas de branco com barras ora azuis, ora amarelas e com a maior parte das varandas floridas e coloridas.
Muitas são as lojas dedicadas à famosa e tradicional ginjinha, que graças à influência do Festival Internacional de Chocolate, passou a ser servida em copos ou pequenas chávenas de chocolate.
O comércio da vila é também marcado pelas lojas de artesanato tradicional e contemporâneo, produtos regionais, bordados, mantas, doces e compotas, vinhos, entre muitos outros produtos...
Dizem que por altura do Festival medieval ("dizem" porque eu nunca cá vim nessa altura), Óbidos ganha ainda mais beleza e alegria, pois vivem-se ilustrações vivas do modo de viver no Passado.
Este é sem dúvida um lugar especial: Óbidos. Especial como vila, mas para mim, principalmente, especial porque vives cá.
Começa a cair a noite e nem dei pelo passar do tempo, pois por aqui vagueei sem destino, e me "perdi" com gosto.
Começo a sentir-me só na multidão de turistas e residentes. Meus olhos procuram-te na multidão, mesmo sabendo que estás a trabalhar. Deve ser da vontade enorme que tenho em estar contigo. Começo a sentir um vazio. Falta-me algo... Faltas-me tu. A minha companhia, o meu amor, a minha vida... Mas alegro-me ao saber que logo, logo, voltarás para mim e de novo, mas agora juntos, nestas muralhas nos "perderemos"...
Cristina R.
Nota: esta é a minha contribuição para o passatempo do blogue http//aldeiadaminhavida.blogspot.com, sobre "o meu castelo preferido"...
Aconselho-vos a visitarem este blogue, e a descobrir quantos castelos maravilhosos temos por este país espalhados...
O castelo de Óbidos é sem dúvida o meu castelo preferido. Seria impossível falar do castelo, e não falar da vila que dentro dele nasceu...