terça-feira, 23 de junho de 2009

Sugestão de férias...

Ainda bem que há quem possa e queira investir no turismo rural.
Um casal de geólogos, cujos nomes como é óbvio não vou aqui divulgar, tendo visto toda a riqueza geológica da região, resolveram apostar (e muito bem) na recuperação de um antigo forno e na casa envolvente, para chamarem à nossa vila, gente de fora, que se queira maravilhar e usufruir dos percursos orientados por estes guias, com descrições pormenorizadas dos sítios ou das paisagens por que passam, como o canhão fluvial do Erges.
Assim, quem queira passar férias na “minha” pacata e deslumbrante vila, poderá ficar hospedado na Casa do Forno, e poderá contar com visitas guiadas, o que é bem melhor, muitas vezes, do que irmos sozinhos explorar a região. Às vezes é como olhar e nada “ver”, enquanto que, se formos acompanhados de pessoas que conhecem a região, sua história, cultura e aspectos geológicos sairemos de lá muito mais enriquecidos.
E para aqui estou eu, mais uma vez a fazer publicidade gratuita ao que não é meu, mas que, por ser o projecto bonito que é, merece ser divulgado.
E ainda bem que há quem se preocupe em recuperar antigos locais ou tradições.
Gostava era que o governo desse mais incentivos e apoios para que isso fosse possível, em aldeias quase “adormecidas”…
Turismo rural é bom, faz muito bem à saúde física e mental e merece ser incentivado…

Agora deixo-vos a compilação de um artigo que saiu na revista “Adufe” nº 14, para que possam saber mais sobre a Casa do Forno:

“É um forno quase centenário, que servia a vila raiana de Salvaterra do Extremo, nos limites fronteiriços com Espanha. Este forno comunitário mantinha intacta a sua cúpula, que resistiu ao passar dos tempos e aos rigores climáticos da região. Dois geólogos recuperaram este forno, mantendo a sua estrutura primária, que tinha a particularidade da sua câmara de cozedura estar separada da câmara de aquecimento, de forma a manter sempre a casa limpa. O projecto inicial era o de reinventar a Padaria Tradicional, fazendo o pão como era feito com os processos ancestrais.
O projecto, porém, cresceu. E assim nasceu a Casa do Forno, alojamento local, ideal para quem procura descanso e um ambiente familiar, com uma vista imensa para a raia. A casa dispõe de seis quartos, onde todas as manhãs chega o aroma de pão fresco. Aliás, o casal de anfitriões desta casa oferece o “fim-de-semana do pão”, no qual o visitante participa na sua feitura. Propõem-se igualmente ao visitante actividades temáticas no exterior: passeios de burro e rotas alternativas pelas peculiaridades da região. E para apreciadores de pizza, nada melhor que os sabores ímpares proporcionados por um forno centenário. As pizzas foram todas baptizadas com os nomes de placas tectónicas; não fosse esta uma casa de geólogos.”

Desejo a todos, umas óptimas férias…


quinta-feira, 11 de junho de 2009

Visita a outro blogue...

Convido todos aqueles que por este cantinho passam, a visitar o blogue http://aldeiadaminhavida.blogspot.com/ pois tem lá textos muito bonitos, sobre aldeias que resistem até hoje, e que merecem o vosso voto. Eu ainda não decidi em quem vou votar, pois é difícil a escolha e ainda não consegui ler todos os textos. Ao menos para votar temos mais tempo, do que aquele que nos foi dado para escrever...

Parabéns Susana pela bonita iniciativa, e acho que não há apenas um vencedor, todos somos já vencedores, pois todos demos um pouco de nós para divulgar a nossa terra, que é o principal objectivo.

Parabéns a todos pelo esforço!

terça-feira, 9 de junho de 2009

A aldeia de minha vida...

Aldeia calma e silenciosa
Outrora por muitos habitada,
Assim é hoje Salvaterra
Do cimo do monte avistada.

As ruas ganhavam vida com as gentes
De coração nobre e generoso
Terra de meus antepassados
Cheia de história, a deste povo caloroso.

Ladeada por um rio
Que separa Espanha e Portugal
Ela resiste ainda hoje
E mantém-se intemporal.

Fecho os olhos e recordo
Meus avós com saudade
Que batalharam toda a vida
Para aos filhos dar comodidade.

Eram pobres mas felizes
Por muitos sacrifícios passaram
Sempre prezaram a família
E uns aos outros se amaram.

A calçada que é romana
Já por muitas gerações pisada,
Continua a servir-nos de caminho
E mantém-se inalterada.

Até as furdas resistem ao tempo
E mantêm-se imutáveis,
Feitas de xisto e granito
Hoje muitas são já inabitáveis.

Apenas o silêncio é cortado
Pelo badalar de um sino,
Que há muitos anos insiste
Em dar-nos as horas como um hino.

O rio que dá forma à rocha
Canta alegremente a canção
Da água cristalina e despoluída
De tanta roupa lavada, com sabão.

A fonte sempre a jorrar
Ainda hoje não secou,
A ela sempre vinha meu avô
Com a cântara e o burro que albardou.

Cada pedra da calçada
É testemunha de vida passada
Tanta História aqui foi escrita
Desde a espada à enxada.

Os brazões nos monumentos
São uma boa prova viva
Pois de épocas bem diferentes
São História ilustrativa.
As águias vigiam lá de cima
Em altos voos planando
Mantêm-se atentas a cada movimento
E descem a pique, alimento avistando.

Santuário protegido
De tanta espécie animal,
Também de flora guarnecido
Da natureza pura, um portal.

Os poços que cantam alegremente
Com o precioso líquido celeste
Deles já dependeu este povo
No tempo da vida agreste.

Ao andar por estas ruas
Invade-me uma estranha sensação
Parece que as mesmas ganham vida
Com quem só já vive, em meu coração…

Cristina R.

Falando da Freguesia de Salvaterra do Extremo,
Concelho de Idanha-a-Nova,
Distrito de Castelo Branco.