quarta-feira, 27 de maio de 2009

O futuro tocando o passado...

O que é preciso para fazer uma criança feliz?
Às vezes muito pouco. Às vezes as pequenas coisas que podemos fazer por eles, serão para eles as mais grandiosas e inesquecíveis…
Neste caso, apenas deixá-lo tocar o sino.
O sino que ele tantas vezes via apenas lá de baixo. Uma criança pequena em frente a uma torre que lhe parecia tão alta e inatingível. Sim, porque quando se é pequenino, tudo nos parece grande e inacessível…
O sino que ele tantas vezes pensava só a cegonha poder lá chegar, e que era tocado por alguém cá em baixo, que puxava uma corda…
E quando se é criança, e se deseja tanto algo, quando o nosso sonho se realiza, esse sim, será dos dias mais felizes e inesquecíveis da nossa vida.
E tão feliz estava este menino, que até os olhos pareciam estrelas a brilhar… Tão feliz que ainda hoje sonha e pensa nisso e em repetir novamente a experiência.
Louvo o Ti Arnaldo, o velhinho que se vê na filmagem a dar instruções, que, com os seus noventa e tal anos, continua a subir aquelas escadas estreitas, escuras e escorregadias em espiral, para chegar ao campanário da igreja, e fazer ecoar as suas badaladas pelos ares. Que Deus lhe dê muitos mais anos para assim continuar...

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Jornal "Raiano"...

Hoje, em resposta ao amigo João Celorico, e a título informativo para todos aqueles que estiverem interessados, vou fazer publicidade gratuita ao jornal “Raiano”.
Este é um jornal mensal que fala das terras do Concelho de Idanha-a-Nova, e serve principalmente, para fazer chegar aos que estão longe, novas da sua terra.

Deixo-vos então os seguintes dados:

“Jornal Raiano”

Morada: Largo do Adro, 11
Idanha-a-Nova
Apartado 54
EC Idanha-a-Nova
6064 – 909 Idanha-a-Nova

Telefone do jornal: 277 202 169
E-mail: jornalraiano@gmail.com

Preço do jornal:
Avulso: € 0,70
Assinatura anual: € 8,00

Já agora deixo os meus parabéns à equipa jornalística, por darem voz a tudo o que se passa nas redondezas de Idanha, e por fazerem chegar o jornal, a muitos que estão a Kms de distância, e podem assim manter-se a par do que vai acontecendo por lá.
Bem haja, e continuação de bom trabalho!

Viagem a Salvaterra...

Esta é a minha forma de agradecer a gentileza do amigo João, colocando-lhe os seus versos aqui na frente do blog, para que “salte” logo à vista de quem por aqui passa…
Mais uma vez, um muito obrigada por eles.
Bem haja!

VIAGEM A SALVATERRA

Embrulhos e mala, de cartão,
(era o que estava na berra),
metemos dentro o coração
e vamos direitos a Salvaterra.

Na estação do Rossio,
entrámos para a carruagem.
Dos meus pais e meu tio
beijinhos e boa viagem!

O comboio lá partiu,
resfolgando, a vapor,
e até o Sol p'ra nós se riu.
O dia ia ser de calor!

Olha! Como é lindo o Tejo!
Além o campo! Além a serra!
Cumpria-se o meu desejo
a caminho de Salvaterra!

O comboio, a correr,
pouca terra, pouca terra,
parecia querer dizer,
Salvaterra, Salvaterra!

As terras p'ra trás ficando
pouca terra, pouca terra,
e nós, por dentro, pensando,
Salvaterra, Salvaterra!

Parámos no Entroncamento,
pouca terra, pouca terra,
e lá estava o pensamento,
Salvaterra, Salvaterra!

O Tejo e as margens, de xisto,
pouca terra, pouca terra,
que de espanto eu não resisto,
Salvaterra, Salvaterra!

Até a água fresca, em Belver,
pouca terra, pouca terra,
parecia continuar a dizer,
Salvaterra, Salvaterra!

Bilhas de barro, de Nisa,
pouca terra, pouca terra,
e nós, já em camisa,
Salvaterra, Salvaterra!

Castelo Branco! A paragem!
O primeiro acto encerra!
Já está metade da viagem!
Salvaterra, Salvaterra!

Mais de 2 horas de espera,
ao calor, feito um pateta.
Não havia sombra. Pudera!
Até aparecer a camioneta.

Na camioneta, modelo antigo,
pachorrenta, bem ronceira,
sinto já o calor amigo
das gentes, como eu, da Beira!

Parámos na Idanha (não a Velha)
e seguimos à Senhora da Graça,
que Boa Viagem aconselha
a todo o que por lá passa.

O calor continuava
e a camioneta, ronceira,
embalando nos levava
a caminho da Zebreira.

Ao "leque" chegados
antes de a Segura ir,
aqueles, os mais avisados,
resolvem ali sair.

E a camioneta, estilo ronceiro,
de modelo tão peculiar,
transforma tudo em padeiro,
sem farinha para amassar!

Mas já nada nos fazia "mossa",
tal a ânsia de chegar à terra,
porque até mesmo de carroça,
nós íamos a Salvaterra!

Uma vez ao adro chegados,
não sentimos mais calor.
Agora, à família abraçados,
sentimos sim, só Amor!

E pelo que sinto, cá no fundo,
já que estou na minha terra,
vou gritar a todo o Mundo,
Salvaterra, Salvaterra!

Autor: João Celorico

quarta-feira, 6 de maio de 2009

A Páscoa na minha aldeia...

Sei que já estamos em Maio, e para muitos a Páscoa já está esquecida, mas só agora tive tempo de acabar estes singelos versos, referentes à Páscoa que passou. Muito mais fica por dizer, o que farei assim que tiver mais um tempinho…

A Páscoa na minha aldeia:

Minha aldeia na Páscoa
É linda a valer
É a Primavera em flor
É Jesus a renascer.

São os sinos a repicar
Para todos ao adro chamar
É a procissão que vai começar
Acendem-se velas para alumiar.

Alumia-se Nª Senhora
E Sto. António com o menino
Que são pelos crentes carregados
Entoando cânticos num hino.

Todos se revezam,
Para o andor carregar.
Uns cumprem promessas
Outros pedidos fazem, a rezar.

É a fé popular
Tradição já muito antiga
Foi a salvação por Nª Senhora
Que do povo foi tão amiga.

Da praga de gafanhotos
Livrou as searas fustigadas
E desde aí o povo prometeu
Sempre fazer as mesmas caminhadas.

Também um bodo se prometeu
Fazer aos pobres, anualmente
Onde nunca faltasse fartura
O carinho, a amizade e o crente.

No recinto do bodo,
Já fervilha o caldeirão
É muita a fartura neste dia
E a ninguém faltará o pão.

Antes do piquenique começar
Lá está o Sr padre para benzer
O pão, o vinho, a carne, a sopa,
E o folar, que todos hão-de comer.

Diz meu pai, por brincadeira
Que aquele vinho a todos faz bem,
Pois é o vinho de Nª Senhora
Abençoado pelo Sr. Padre: amem!

Pois não sei se é do vinho
Ou mesmo do próprio convívio
A alegria espalha-se por todos
Num contagiante alívio.

Também vêm espanhóis para o piquenique
Pois sempre prevaleceu a amizade
Entre estes dois povos vizinhos
Que juntos festejam em fraternidade.

Este ano faltaram os foguetes
E muito triste ficou o Tiago
Pois não pôde ir apanhar a cana
Para com ela brincar no largo.

“Olha a laranjinha
Que caiu, caiu,
Do cimo do monte
Nunca mais se viu…”

Assim canta o grupinho
Que parece mais contente
E logo chega o acordeão
Que dará voz a toda a gente.

E mais uma vez sorriu
Nª Senhora esplendorosa
Por ver a devoção de um povo
Nesta festa tão amistosa.

Espero que sempre haja
Quem continue esta festa
Que se mantenha a tradição
Nesta vila tão modesta.

Cristina R.