Desta vez nem a chuva, nem o frio nos demoveram e lá fomos nós em direcção a Salvaterra, passando por diferentes paisagens deste nosso país…
Cada estação do ano tem a sua beleza, mas não há cores como as do Outono: os campos verdes, os tons variados de verde, amarelo, castanho e dourado nas ramagens das árvores, e pelas bermas da estrada…
O céu repleto de tons cinzentos, com alguns raios de Sol tímidos.
Quando começamos a entrar na zona mais montanhosa, é bonito ver as nuvens a envolver as serras; parece que o céu desceu à terra. Sempre em andamento, tirei algumas fotos que não chegam para mostrar a beleza destes fenómenos ao vivo.
Quando chegamos a Salvaterra, sente-se um frio de rachar. Já não estou habituada a tanto frio e a pontinha do nariz fica completamente gelada. Ainda não inventaram uns gorros próprios para narizes enregelados… Saí de casa apenas com uma camisola e um casaco; chego aqui, visto toda a roupa que posso, tal é a diferença de temperatura.
Não se vê quase ninguém nas ruas, mas cheira tão bem Salvaterra. Cheira à natureza molhada e ao fumo das chaminés das lareiras acesas.
Passando pelo local onde se costuma fazer o bodo na Páscoa, há uma grande azáfama de homens vestidos com fardas verdes e espingardas. E isso mexe na cabeça de meu filho que pergunta espantado: “mãe, Salvaterra está em guerra?”
Eu sorrio e respondo: “não filho, estes homens são caçadores, não são tropas…”
Viemos depois a saber que durante a manhã tinha havido uma batida e que durante a tarde se juntaram no clube de caça para almoçar e conviver. Não sei que caçaram este ano, mas o ano passado caçaram alguns coelhos, 8 javalis e um veado.
Mal se pode andar na rua, pois o frio congela-nos até a alma. Dou comigo a pensar como suportam tanto frio as poucas pessoas que cá vivem… e ainda não chegou o Inverno…
Acho que aqui o vírus da gripe A nunca chegará, pois também ele congelaria.
Em casa é que se está bem, com a braseira acesa, um chocolate bem quentinho e os serões bem passados em família.
“-Mãe, cheira a queimado…”
Vamos a ver, e já está uma pantufa derretida à frente, ainda em brasas…
Lá foi a avó apagar o “fogo”, e foi este o resultado:
Aqui na terra, é costume colocar a braseira num suporte próprio, debaixo de uma mesa de
madeira, e taparmos as pernas com uma “camila” de lã, o que fez com que o neto, não habituado a estes aquecedores naturais, se distraísse e colocasse o pé mesmo dentro da braseira.
“-Mas tu não sentias os dedos muito quentes?” – perguntaram-lhe.
“-Sentia, mas pensava que era mesmo assim!” – respondeu ele, coçando aflito os dedos dos pés.
Acabámos todos por nos rir à gargalhada.
E é assim: estes momentos que hoje passamos juntos, um dia mais tarde, iremos lembrar com saudade.
E é isto que importa mais que tudo nesta vida, os momentos passados com quem amamos…
Pena que no Domingo já tenhamos de partir, e não possamos assistir no dia 8, à tradição da chegada do madeiro.
Mas quem sabe para o ano...
1 comentário:
Olá,Cristina!
Parece-me mesmo ter sido um bom passeio :)
Pois,eu sei que o convite foi em cima da hora.Peço mesmo sinceras desculpas.Na altura,vim ao seu blog,mas vi que não vinha cá desde Agosto e pensei que terá sido feito da amiga-bloguista Cristina.E nem deixei convite.Mas acho que mandei mail.
Se conseguir um textito,ficamos gratas,claro :)
Jocas gordas
Lena
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